Na semana passada tivemos a oportunidade de entrevistar o ganhador do Prêmio Pritzker deste ano 2014, Shigeru Ban, dentro do seu Metal Shutter Houses em Nova York. O arquiteto japonês, que foi um membro do júri Pritzker,no período 2006-2009, nos deu sua inspiradora e humilde resposta ao receber o mais prestigiado prêmio de arquitetura, dizendo: "é um incentivo para eu continuar trabalhando para fazer grande arquitetura, bem como trabalhando em áreas de desastre ".
Quando perguntamos como ele se mantém tão comprometido com os esforços humanitários, equilibrando-os com os outros encargos, ele explicou: "Eu também gosto de fazer monumentos porque os monumentos podem ser tesouros maravilhosos para uma cidade, mas também sabia que muitas pessoas sofriam após desastres naturais, e os governos lhes proporcionam instalações de evacuação e alojamentos temporários muito precários. Eu acredito que posso fazê-los melhor. Este é realmente um papel importante para mim: continuar trabalhando em áreas de desastres."
Eu sou Shigeru Ban, fundador do Shigeru Ban Architects. Atualmente, possuo escritórios em Tóquio, Paris e Nova York. Também sou fundador de uma ONG, “Voluntary Architects Network”, que realiza trabalhos em áreas de desastres. A arquitetura é a minha vida. É algo que eu gosto muito.
Como você vê seu papel como arquiteto?
Quando eu era mais jovem, quando eu era estudante, ninguém falava sobre como trabalhar em uma área de desastres. Fiquei muito decepcionado quando eu me tornei um arquiteto, porque na maior parte do tempo, estamos trabalhando para as pessoas privilegiadas que têm dinheiro e poder e somos contratados para ver o seu poder e dinheiro através de arquitetura monumental. Eu também gosto de fazer monumentos porque os monumentos podem ser tesouros maravilhosos para uma cidade, mas também sabia que muitas pessoas sofriam após desastres naturais, e os governos lhes proporcionam instalações de evacuação e alojamentos temporários muito precários. Eu acredito que posso fazê-los melhor. Este é realmente um papel importante para mim: continuar trabalhando em áreas de desastres.
Como surgiu o seu interesse por materiais?
Na verdade, não gosto de ser influenciado pelo estilo na moda. Na arquitetura sempre existem muitos estilos que estão na moda ou são muito populares, mas gosto de arquitetos como Frei Otto ou Buckminster Fuller , que fizeram seus próprios estilos. Então, quando criei o tubo papelão, vi que ele era muito resistente, então pensei que poderia ser um material estrutural. As pessoas normalmente pensam que desenvolver algo novo é algo high tech, mas mesmo materiais crus, simples ou que estão à nossa volta podem ser usados como estruturas – proporcionando-lhes outros significados e funções. Então, o que eu estou fazendo não é realmente inventar algo novo, só estou usando o material que existe à nossa volta como parte da estrutura do edifício.
Você aborda seus trabalhos voluntários do mesmo modo que suas outras comissões?
Não há diferença entre uma comissão para uma obra normal ou os projetos de ajuda humanitária que eu faço. A única diferença é se sou pago ou não. Para mim, é a mesma coisa. Dinâmica empresarial é, na realidade, muito difícil. Eu dedico muito tempo aos projetos voluntários, mas minha primeira instrução é a mesma – edifício com pagamento ou não. E além disso, meus sócios estão fazendo meus projetos em conjunto, para que eu possa passar a maior parte do tempo com os projetos voluntários, que é um papel muito importante para mim como um arquiteto.
Como foi sua experiência como estudante de arquitetura?
Depois que eu terminei o ensino médio vim para os EUA sem falar Inglês. Quando eu estava no colegial, queria ir para a Cooper Union. Havia uma revista japonesa chamada A + U e em 1975 eles tiveram uma edição especial sobre John Hedjuk e a Cooper Union, que me fez querer vir para os Estados Unidos. Ninguém sabia sobre a Cooper Union, então eu tive que vir para os Estados Unidos, mas eles não aceitavam estudantes estrangeiros. Então eu comecei na Sci Arc e, em seguida, me transferi para Cooper Union. Eu tive muita sorte. Eu experimentei duas escolas muito incomuns - Sci Arc na Costa Oeste e a Cooper na Costa Leste. Ambas são escolas muito incomuns com líderes muito influentes. Eu experimentei os dois extremos na Costa Oeste e na Costa Leste. Tive uma formação especial com muito bons professores.
O que inspira você ?
Estou sempre impressionado com a arte das populações locis, onde quer que eu vá. Artesanato local e materiais locais me impressionam – me fazem pensar em projeto. Agora, trabalhando nas Filipinas após o terremoto e o tufão, as populações locais ainda vivem em casas tradicionais feitas de bambu. O bambu é usado para a estrutura e fechamentos. Eu sei que o bambu é um material muito difícil de usar como estrutura, que deve cumprir com uma regulamentação construtiva. Mas ainda existem muitas tecnologias locais, vernáculas utilizadas nas Filipinas, então eu tentei combinar o tubo de papel, disponível localmente, com painéis de bambu para criar um abrigo temporário para as vítimas do tufão.
Como você se sente sobre receber o Prêmio Pritzker ?
É uma grande honra, mas ainda não sei como entender a situação. Porque eu sinto que é muito cedo para mim, pois não alcancei certo nível como arquiteto ainda. Então, estou levando isso como uma espécie de incentivo para continuar trabalhando para fazer uma boa arquitetura, assim como trabalhar em áreas de desastres. Além disso, gostaria de continuar a ensinar. A educação é uma parte muito importante das minhas atividades. Até agora não sei o significado de estar recebendo este prêmio, tudo o que posso dizer é que eu não quero mudar por causa disso. Só quero continuar fazendo o mesmo de sempre.